Após um 2024 estagnado, países exportadores de lácteos devem registrar crescimento na produção
24, janeiro, 2025
O relatório semestral Dairy: World Markets and Trade do USDA, prevê que a produção de leite entre os cinco maiores exportadores mundiais de lácteos crescerá 0,4% em 2025.
A produção global de leite entre os principais exportadores de laticínios está a caminho de crescer em 2025, mas será suficiente para compensar a crescente demanda? Essa é a principal questão para os produtores e analistas de laticínios dos EUA. O relatório semestral Dairy: World Markets and Trade do USDA, divulgado no início de dezembro, prevê que a produção de leite entre os cinco maiores exportadores mundiais de laticínios crescerá 0,4% em 2025, após permanecer praticamente inalterada em 2024.
Monica Ganley, analista do Daily Dairy Report e diretora da Quarterra, uma consultoria agrícola em Buenos Aires, afirmou que um aumento global de 0,4% na produção de leite de um ano para o outro pode não ser suficiente para atender à crescente demanda por laticínios. “Os ganhos na produção de leite serão críticos se a indústria espera atender à demanda global por laticínios, que provavelmente aumentará em 2025, à medida que a população mundial cresce e as condições econômicas em melhoria promovem o consumo de produtos de origem animal”, disse Ganley.
Os produtores de leite dos EUA serão os principais responsáveis pelo aumento global projetado, com um crescimento de 0,7% este ano, em comparação a 2024. O USDA projeta que a produção de leite nos EUA subirá para 103,42 bilhões de quilos, devido a margens melhores e a um rebanho maior de vacas em lactação. “Melhorias nos níveis de componentes do leite este ano impulsionarão ainda mais a produção de produtos lácteos a partir do leite disponível”, observou Ganley.
A produção na Oceania também deve registrar ganhos no próximo ano, e embora os aumentos percentuais da região sejam maiores que o ganho de 0,7% nos Estados Unidos, o volume total será menor. O USDA prevê que a produção na Austrália aumentará 1,1%, enquanto a produção na Nova Zelândia crescerá 0,9%.
“Os altos preços do leite e as condições climáticas favoráveis na Nova Zelândia estimularam a expansão, mas a indústria de laticínios no país continua enfrentando desafios estruturais que limitarão o potencial de crescimento a longo prazo”, disse Ganley.
Já a produção de leite na União Europeia deve continuar sob pressão, com o USDA prevendo uma queda de 0,2% de um ano para o outro. “Os custos de insumos persistentemente altos e as regulamentações ambientais têm desencorajado investimentos no setor de laticínios da Europa e sufocado o crescimento”, observou Ganley. “No entanto, o impacto tem sido desigual e, enquanto alguns países do bloco continuam expandindo, a produção total de leite europeia deve enfrentar dificuldades nos próximos anos.”
Por fim, a Argentina deve registrar o maior crescimento percentual anual na produção de leite em 2025, com 4,7%. “Após um 2024 desastroso, uma perspectiva macroeconômica drasticamente melhorada para o país facilitou novos investimentos e otimismo no setor de laticínios”, acrescentou ela. Isso deve impulsionar a produção de leite.
Impactos no mercado brasileiro
Pensando nos impactos para o mercado brasileiro, segundo a análise do MilkPoint Mercado, o crescimento esperado na produção de lácteos na Argentina merece atenção especial. Isso porque o país é o principal fornecedor de lácteos importados pelo Brasil, respondendo por mais de 60% do volume total.
Apesar da perspectiva de aumento na oferta por parte do nosso principal fornecedor, esse crescimento não deve necessariamente resultar em um maior volume de envios ao Brasil. Isso se deve, em parte, à conjuntura econômica mais equilibrada na Argentina em comparação ao início do ano anterior, o que provavelmente impulsionará o consumo interno de lácteos no país. Além disso, no atual cenário do mercado internacional, como já discutido em análises do MilkPoint, o Brasil tem apresentado um menor poder de compra, enquanto a Argentina tem redirecionado suas exportações para outros mercados mais atrativos. Diante desse contexto, espera-se que o volume de importações de lácteos pelo Brasil permaneça elevado, mas em patamares inferiores aos registrados em 2024, mesmo com o aumento da oferta na Argentina.
Fonte: informações do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint Mercado, 15 jan 2025