Balança comercial de lácteos: importações aumentam significativamente setembro
11, outubro, 2025
O saldo da balança comercial de lácteos voltou a apresentar retração, devido ao aumento expressivo das importações neste mês, que apresentaram um salto de aproximadamente 31,8 milhões de litros em equivalente-leite.
Em setembro, as exportações de lácteos totalizaram 5,8 milhões de litros em equivalente-leite, representando um aumento de 11,7% em relação ao mês anterior e de 17% frente a setembro do ano passado. No entanto, no acumulado de janeiro a setembro de 2025, as exportações ainda registram queda de 27,8% em comparação com o mesmo período de 2024.
As importações se destacaram em setembro pela alta de 19,8%, totalizando 192,4 milhões de litros no período. Em comparação com setembro do ano passado, o avanço foi mais moderado, de 5,6%. Já no acumulado de janeiro a setembro de 2025, as importações registraram queda de 4,9% frente ao mesmo intervalo de 2024.
Em setembro, as exportações apresentaram movimentos distintos entre os produtos:
o leite UHT, que havia registrado forte retração no mês anterior, avançou 145%, retornando a patamares historicamente normais.
O soro de leite manteve sua trajetória de crescimento expressivo, com aumento de 66% em relação a agosto.
Embora o volume ainda seja pequeno, o leite em pó desnatado se destacou pelo salto de 3.194% nas exportações, alcançando 25 toneladas — apesar de pouco, é um dado incomum historicamente.
Já o grupo das manteigas também registrou alta de 61% nas exportações, assim como o grupo de creme de leite, que apresentou alta de 9% nas exportações deste mês.
Por fim, o grupo de leite condensado apresentou recuo de 4%, enquanto o segmento de queijos registrou queda de 1% e o de iogurtes teve redução mais acentuada, de 23% nas exportações de setembro.
Nas importações, o leite em pó integral registrou aumento de 34% em relação a agosto, enquanto o leite em pó desnatado avançou 16%, após as reduções observadas no mês anterior.
O soro de leite seguiu a mesma tendência, com alta de 18%.
Em contrapartida, as importações de queijos apresentaram leve retração de 2% no volume total.
O grupo de manteigas registrou alta de 96% nas importações, sendo essa elevação concentrada em um produto: o óleo butírico de manteiga, que foi responsável por 79% do volume importado.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos em setembro de 2025.
- Tabela 1. Balança comercial de lácteos em setembro de 2025

O que podemos esperar para os próximos meses?
A competitividade de preços no Mercosul, próxima à dos produtos nacionais, aliada à estabilidade do GDT e à desvalorização do dólar frente ao real, contribuíram para o aumento das importações neste mês. No entanto, o volume total acumulado de importações no ano ainda é 4,9% menor do que no mesmo período do ano passado. Com a maior produção interna atual, a tendência é que o acumulado anual continue abaixo do registrado em 2024.
No mercado nacional de gorduras, a oferta acima do esperado e a demanda enfraquecida abriu uma pequena janela para exportações, como observado no aumento das vendas de manteiga e creme de leite. Um cenário semelhante pode ser visto para o soro de leite.
A expectativa de maior produtividade nacional, aliada aos preços dos prncipais lácteos operando em patamares menores, tende a nivelar o interesse por importações. Ainda assim, o aumento da produção mundial de leite, especialmente na Argentina e no Uruguai, nossos principais parceiros comerciais, deve seguir pressionando os preços internacionais, exigindo monitoramento constante do cenário. Além disso, a volatilidade do dólar permanece como um fator decisivo para o mercado.
Fonte: Milk Point, 07 outubro 2025