Mudanças consideráveis no setor de laticínios brasileiro
03, janeiro, 2024O setor de laticínios do Brasil passou recentemente por mudanças consideráveis, tanto na produção quanto na indústria, como resultado da insatisfação dos produtores brasileiros com o alto nível de concorrência dos produtos importados.
Estima-se que a produção de leite em 2023 aumente em cerca de 4,3%, para 24,7 milhões de toneladas métricas (MTM). Em 2024, também se espera um crescimento de cerca de 1,2%, atingindo 25 MTM.
A produção de leite no Brasil tende a seguir padrões climáticos cíclicos que afetam as condições do pasto, que é o principal alimento usado para o gado. Normalmente, há uma queda na produção durante os meses de outono no Brasil, ou seja, de abril a junho, devido à estação seca. Por outro lado, a produção de leite é maior durante os meses de verão, quando as chuvas mais intensas proporcionam pasto abundante.
Vários fatores observados nos últimos anos estão envolvidos nas mudanças do setor, incluindo a concorrência pelo uso da terra, demandas de maior qualidade e ferramentas tecnológicas. Há 50 anos, a produção nacional era de menos de 8 milhões de toneladas por ano, com uma produtividade média por vaca de menos de 0,7 toneladas. Hoje, em 2022, o Brasil produziu 24,5 bilhões de toneladas de leite, com uma produtividade média do rebanho mais que triplicada.
O país tem mais de 1 milhão de propriedades leiteiras (o Milkpoint informa que há 250.000 produtores formais) e, de acordo com as projeções, estima-se que até 2030 permanecerão no setor os produtores mais eficientes, aqueles que se adaptam à adoção de tecnologia, com melhor gestão e maior eficiência técnica e econômica. Muitos pequenos produtores são desestimulados a permanecer na atividade devido ao aumento dos custos de produção, migrando para a agricultura.
No atual cenário brasileiro, 70% dos produtores de leite produzem apenas 50 litros de leite por dia, o que dificulta a manutenção da atividade. Há uma discrepância significativa. Cerca de 16.000 produzem metade da produção do país. Aqueles que produzem cerca de 7 litros por animal por dia poderiam aumentar essa capacidade para 14 ou 15 litros com mais tecnologia.
Os estados do Sul mantêm sua liderança, com uma participação de 33,8%, muito próxima à do Sudeste, com 33,6%, onde Minas Gerais mantém a maior produção (27% do total de leite, além de ter o maior número de fazendas leiteiras). No Brasil, os 10% dos maiores produtores, com uma produção de mais de 1.000 litros por dia, respondem por mais de 60% da produção do país. De 2013 a 2023, os produtores cooperativos conseguiram aumentar sua produção em 125%, em comparação com um aumento de 49% para os não cooperativos.
O El Niño teve impactos diferentes. O excesso de chuvas interrompeu as condições ideais de produção, afetando a colheita de inverno e o início do plantio de cereais.
Um dos principais desafios enfrentados pelos produtores de gado brasileiros foi a inflação. Para os produtores de leite, os custos dos concentrados (principalmente milho e soja), fertilizantes, diesel, eletricidade e custos de transporte aumentaram.
O Brasil não tem um setor competitivo nem suprimentos excedentes de LPD para exportação. Os volumes exportados nos últimos três anos foram pequenos, apenas 51 toneladas de janeiro a setembro de 2023.
Fonte: eDairyNews, 02 Jan, 2024