Paraná vê debandada de produtores de leite, mas produção cresce
06, junho, 2024Pela primeira vez após 24 anos, Marcos Bortolini foi tomar café da manhã na feira de Francisco Beltrão. Um ato, para a maioria, corriqueiro, mas até então inacessível para ele, produtor de leite.
esmo sendo reconhecido – ganhador de prêmios dentro e fora do Paraná por conta da genética do rebanho -, Marcos não resistiu aos altos custos de produção. Agora, está se dedicando às lavouras de soja, que dispensam atenção diária, incluindo sábados, domingos e feriados, como na cadeia leiteira.
O levantamento da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) prova que a desistência de Marcos não é um fato isolado. Em 2017, havia 15.268 produtores de leite nos 27 municípios que compôem a microrregião de Francisco Beltrão. Apenas seis anos depois, o número regrediu 35,5%: 9.850.
“A gente tem notado a migração dos produtores. Por ser uma atividade que necessita de atenção e, às vezes, a família vai ficando pequena, o cara acaba vendendo, porque se contratar alguém não viabiliza o negócio. Hoje, assim como no mundo todo, uma tendência é o número de produtores diminuir, o cara se especializar e focar na produtividade, ou seja, ter menos vacas produzindo mais. O leite garante renda mensal, mas as exigências do mercado pedem uma estrutura diferente pro pequeno produtor”, explica Erivelto Costa, gerente da divisão de leite da Frimesa. Somente em 2023, participaram do programa Leite Mais Saudável 2,1 mil produtores ligados à cooperativa no Paraná.
Na contramão, a produção aumentou 4,1% – de 763 milhões de litros para 795. Conforme o sociólogo rural Christophe de Lannoy há uma tendência de concentração da atividade em menor contingente de propriedades. “Pra minimizar isso precisamos fazer com que o cooperativismo e assistência técnica se desenvolvam”, diz.
Fonte: eDairynews 05 Junho 2024